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Indígenas que bloqueavam a MS-156 desde a manhã desta quarta-feira (13/9) liberaram há pouco, depois de mais de 10h, a via que liga os municípios de Dourados e Itaporã, passando no meio da Reserva local.
O trecho estava fechado nos dois sentidos com pedaços de madeiras e pedras, num manifesto visando melhorias na segurança pública nas aldeias Bororó e Jaguapiru. Na semana passada, um dos líderes dessas comunidades, capitão Ramão Fernandes, foi alvo de ataque, motivando a interdição das pistas.
Nesta tarde, um boletim de ocorrência foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) pela vítima relatando o caso.
Porém, antes do capitão oficializar a denúncia, lideranças se reuniram na sede do 3º Batalhão de Polícia Militar para tratar sobre o assunto. O encontro contou com a participação do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira.
De acordo com Fernandes, ficou definido apoio na segurança nessas comunidades, incluindo a instalação de um ponto de apoio para a PM, além de encaminhamento de veículos para o patrulhamento ostensivo.
“Foi decidido que vamos receber um container da polícia, duas motos e uma viatura de forma constante a partir de amanhã (14/9). Também será construído um posto da Polícia Militar no local”, disse.
Mais cedo, em entrevista ao Dourados News, o secretário de Justiça e Segurança Pública Antônio Carlos Videira, falou sobre as medidas desenvolvidas pela pasta e outras que devem ser feitas nas aldeias.
“Estamos fazendo e vamos aumentar [ações de segurança]. Criamos os conselhos comunitários de segurança indígena em Dourados e Caarapó há mais de dois anos para uma aproximação da comunidade e ter, de fato, eficiência na segurança pública não só como prevenção, mas como na repressão”, relatou.
Videira citou ainda algumas ações ostensivas para evitar também crimes de violência doméstica na comunidade.
“Não só com relação aos crimes de tráfico, roubo e furto, mas também contra violência doméstica, feminicídio e crimes sexuais que acontecem em volume grande naquela região. Então, temos que ampliar cada vez mais as políticas de segurança pública em todo o Estado e nesse caso em Dourados, nas duas aldeias”, concluiu.
Com o protesto, grandes filas de carretas se formaram nos dois sentidos da via. Em alguns pontos, motoristas chegaram a retornar passando sobre as lombadas elevadas que cortam a MS-156.
Lideranças que conversaram com o Dourados News anteriormente afirmaram que o manifesto se encerraria até 16h, o que não aconteceu, com o bloqueio se estendendo até 17h.
Medo
De acordo com manifestantes, atualmente o medo vem tomando conta da comunidade local mediante aos casos de tráfico e uso de entorpecentes, além do consumo desenfreado do álcool.
A liderança guarani Edith Martins, que participa do bloqueio, disse à reportagem que a população vem sofrendo com a falta de policiamento, aliado a violência de jovens na região.
“Antigamente existia um convênio que a polícia entrava aqui [acordo informal para atuação entre a segurança pública e lideranças]. Mas atualmente nos sentimos abandonados e tem piorado por conta das drogas e bebidas. A juventude não respeita mais ninguém, não podemos sair para mais nada. Chega 18h, não conseguimos fazer nada”, disse a indígena.
Para Jaime da Silva, 46, cacique morador na Aldeia Jaguapiru, o atendimento da segurança pública no local tem sido a maior reclamação. O período de espera é grande durante os chamados.
“Tem vez que a gente chama a viatura e demora muito, também por isso estamos fazendo esse manifesto”, relatou.
Rodovia foi liberada na tarde desta quarta-feira entre Dourados e Itaporã - Fotos internas: Dourados News