WWW.RADIOWEBIVINHEMA.COM.BR
Na linguagem dos seres humanos, preliminares. Na linguagem dos animais não há nome, mas, seria o momento que antecede o acasalmento. E existe todo um ritual: vocalização de sons e aí o casal de araras vai se aproximando, se encostando, até que concluem o ato. O flagrante foi feito na região de Miranda, pantanal sul-mato-grossense, no último sábado (6).
“O movimento que o casal faz se assemelha a uma dança e é bem raro de ser visto, onde as asas, bicos e caudas se encostam em movimentos repetitivos. Assim, os órgãos se encostam e as aves concluem a primeira etapa do ciclo”, afirmou ao MidiaMAIS o biólogo e empresário Lucas Yanai.
Proprietário de uma empresa de turismo de observação de vida silvestre, Lucas qualifica a arara como um dos animais mais impressionantes e majestosos do mundo, ressaltando que, apesar de comuns em capas de revistas e livros, as pessoas sabem pouco sobre esta espécie.
“As araras-azuis são confundidas com as araras-canindés, que são azuis e amarelas. Já as araras azuis são conhecidas por sua plumagem, predominantemente azul brilhante, e asas negras por baixo. E neste registro de Miranda, no Projeto Salobra, conseguimos ver neste vídeo o comportamento comunicativo da espécie, de som forte e bem característico”, explicou o biólogo.
Na sequência das imagens, Lucas diz que este comportamento das araras, em que um agrada ao outro, ocorre antes da reprodução. “São aves monogâmicas, formando pares duradouros que podem durar a vida toda. Porém, o comportamento reprodutivo é complexo, envolvendo outras aves além do par, ou seja, não reproduzem apenas com o par que escolhem. E se uma delas morre, a outra logo encontra um novo par para seguir o ciclo reprodutivo da espécie”, argumentou Yanai.
A fundadora do Projeto Salobra, Aurea Prata, de 60 anos, é quem fez as imagens. “Os turistas sempre querem ver a arara azul e eu tinha inclusive comentado com a turista, que ela teria a oportunidade de ver, já que temos ninho para esta espécie. Após os turistas saírem para o passeio no rio, comecei a ouvir o barulho das araras chegando e fui filmar para mostrar para turista. Foi um momento lindo, especial e emocionante, pois, normalmente quando chegamos mais perto elas já voam. A natureza é espetacular”, finalizou.
Veja alguns momentos do vídeo enviado ao Jornal Midiamax:
As araras-azuis são nativas da América do Sul, sendo encontradas principalmente na região central e oriental do Brasil, especialmente no Pantanal e na região da Amazônia. Seu habitat natural inclui áreas de floresta tropical, savanas e regiões de cerrado.
Conforme o biólogo, o período de reprodução geralmente ocorre durante a estação chuvosa, quando há maior disponibilidade de alimentos. Assim, o casal escolhe uma cavidade de árvore adequada para construir seu ninho. Essa cavidade pode ser natural ou escavada em troncos de árvores mortas ou em palmeiras.
“Quando iniciam o período reprodutivo, as araras-azuis mudam o seu comportamento e passam parte do dia em movimentos que se assemelham a uma dança, onde as asas, bicos e caudas se encostam em movimentos repetitivos, assim os órgãos reprodutivos se encostam e as aves concluem a primeira etapa do ciclo”, disse o veterinário.
Neste caso, o período de incubação dos ovos é de aproximadamente 28 a 30 dias. Geralmente, as araras-azuis colocam de 1 a 3 ovos em cada ninhada. Durante esse período, ambos os pais compartilham a responsabilidade de incubação e cuidado dos filhotes. Após o nascimento, os filhotes são alimentados pelos pais com uma dieta composta principalmente por frutas, sementes e castanhas.
Os filhotes então permanecem no ninho por várias semanas, sendo cuidados pelos pais até que estejam prontos para deixar o ninho e voar. Infelizmente, as araras-azuis enfrentam diversas ameaças, incluindo a perda de habitat devido à exploração madeireira, agricultura e urbanização.
Além disso, o tráfico de animais selvagens é uma ameaça significativa para a espécie, já que são alvo de captura ilegal para o comércio de animais de estimação. Vários esforços de conservação estão em andamento para proteger e preservar a arara-azul, incluindo programas de reprodução em cativeiro e projetos de educação ambiental.