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A novela sobre forte odor emitido pela planta da JBS no bairro Nova Campo Grande ganha novos capítulos e o problema continua em 2025. Nova fiscalização constatou que a unidade frigorífica continua exalando mau cheiro e determinou uma série de providências à gigante de alimentos.
Recentemente, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) recebeu novas denúncias de moradores dos arredores do frigorífico sobre ‘odor terrível’ vindo da JBS.
Diante disso, a equipe técnica do Daex (Secretaria de Desenvolvimento de Apoio às Atividades de Execução) realizou nova fiscalização no local e confeccionou, em outubro, novo laudo sobre a situação na planta da JBS.
Assim, os técnicos confirmaram os relatos dos moradores e, através de estudos e análises, concluíram que é possível haver incômodo a partir do forte odor emitido pela produção do frigorífico. “Relevante destacar que em situações de constante percepção/inalação desses odores pela comunidade adjacente ao frigorífico, o incômodo pode surgir”.
Isso ocorre devido a uma série de ‘falhas’, segundo os técnicos, que devem ser sanadas. Por exemplo, a nova vistoria constatou que “foi possível confirmar a presença de aberturas capazes de permitir o escape de gases oriundos do processo produtivo”.
Além disso, foi detectada falha na cortina arbórea que deve existir no entorno do frigorífico. “Além do suprimento com vegetação nas falhas apontadas na primeira vistoria técnica (lateral leste, Av. Cinco), a equipe do DAEX recomenda a instalação de cortina arbórea na lateral oeste do terreno, junto às linhas externas de condução de efluentes do processo produtivo, por meio do plantio de mudas com porte e características adequadas”.
Por fim, os técnicos recomendaram que a JBS adote as seguintes providências para acabar com o mau cheiro que chega ao bairro:
Enquanto a situação perdura, Inquérito Civil tramita no MPMS, sob o número 06.2024.00000496-4.
A reportagem acionou a JBS para se posicionar diante do novo relatório técnico através de e-mail oficial da assessoria de comunicação da indústria. No entanto, não obtivemos retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para manifestação.
A unidade frigorífica localizada na Avenida Duque de Caxias também foi alvo de protestos de moradores, audiência pública e até uma reunião para ‘intervenção’ feita entre vereadores e representantes do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), responsável pela fiscalização de questões ambientais.
Dessa forma, diversas melhorias foram exigidas pelo órgão ambiental para que houvesse a renovação da licença ambiental. No entanto, nova denúncia pode barrar essa renovação.
Ainda no bojo do Inquérito Civil, instaurado em maio deste ano, a promotora Luz Marina Borges Maciel Pinheiro solicitou parecer do Imasul sobre o PAM (Plano de Monitoramento) apresentado pela JBS. “Se já foram analisados e, em caso positivo, quais as conclusões obtidas”.
Confira: VÍDEO: Moradores relatam ‘pior madrugada’ de fedor e pedem denúncia de frigorífico em Campo Grande
O juiz Flávio Saad Peron, da 15ª Vara Cível de Competência Residual, propôs audiência de conciliação em mais três ações de moradores da região do bairro Nova Campo Grande contra o mau cheiro vindo da unidade da JBS.
Esta é apenas uma parte dos processos motivados pelo mau cheiro exalado pelo empreendimento. Recentemente, em outra ação semelhante, a JBS afirmou não ter interesse em audiência de conciliação.
No caso, a Justiça chegou a marcar uma audiência de conciliação para o dia 30 de janeiro de 2025 em um dos processos. Porém, a gigante frigorífica que obteve lucro de R$ 3,9 bilhões (no 3º trimestre deste ano) alegou que não tem interesse.
O número de ações pedindo indenização por prejuízos causados pelo mau cheiro pode chegar a 200.
O valor pedido varia de R$ 25 mil, R$ 50 mil, R$ 75 mil ou R$ 150 mil a depender da quantidade de pessoas que entraram contra o frigorífico no mesmo processo. Além disso, também é pedido indenização por desvalorização dos imóveis da região.
“Péssimo o odor do curtume e também do aterro sanitário. Quando muda o tempo e começa a chover piora”, diz um morador ao Jornal Midiamax. O problema do mau cheiro na região é antigo. Conforme apurado pela reportagem, o número de ações individuais de moradores contra a indústria pode chegar a 200.
Outros moradores ouvidos pela reportagem confirmaram relatos de trégua ‘por pouco tempo’, mas que os episódios de forte odor se intensificaram desde meados de outubro de 2024.
A situação é um problema que afeta tanto a vida dos moradores, que muitos se mobilizaram e ajuizaram cerca de 200 ações pedindo indenização por conta do problema.